Nephalins.

Egito.

Saqqara Norte, cerca de 30 km da cidade do Cairo.


_ Doutor Hughes...? – indagou o rapaz. Seus cabelos castanhos claros atingiam os ombros, e a barba rarefeita, estava mais para algum aspecto sedutor do que com descuido de sua parte.
Por trás das lentes dos seus óculos com aros de marfim, talvez a peça de maior valor que carrega consigo, Richard Hughes, olhou o jovem a sua frente. Estivera há horas esperando por ele, desde que recebera um estranho telefonema do serviço de proteção aos artefatos do Egito, e por sinal não se lembrava de já ter ouvido falar nessa agência... Esperava algum baixo e gordo burocrata, mas nem sequer egípcio aquele garoto a sua frente é. – Quantos anos ele tem? 25, 30? Isso só pode ser brincadeira... – Ajeitou os óculos e olhou melhor para o rapaz, detestava esses jovens com seus óculos escuros, sempre preferia lidar com as pessoas olhando-as nos olhos.

_ Garoto, pensa que estamos brincando por aqui? Tudo o que vê ao seu redor, todos esses homens e equipamentos, fazem parte de um trabalho sério e para o qual eu dediquei mais de quarenta anos da minha vida. E agora, além de termos que levar alguém sem conhecimento arqueológico, ainda precisamos esperar por horas? - disse o exasperado doutor.

_ Não tive a intenção de atrasá-lo, doutor, e estou pronto para adentrar as catacumbas assim que vocês estiverem. Quanto a não ter conhecimento arqueológico, como o senhor disse, pretendo surpreendê-lo... – o rapaz disse com uma voz calma, tranqüila e quase lírica.

_ Qual é o seu nome? – perguntou o doutor, ainda irritado.

_ Pode me chamar de Sullivan.- respondeu o rapaz.

_ Sullivan, as escavações estão terminadas há horas, estamos todos prontos para entrar na câmera subterrânea, apenas esperávamos por você. E quero que avise aos seus superiores do serviço de proteção aos artefatos do Egito, que o fato de você entrar conosco não vai querer dizer que eles tiveram qualquer participação no nosso trabalho. Já que está aqui e isso é algo irremediável, siga-me. – disse, e em seguida foi caminhando à frente de Sullivan.

Ambos caminharam até chegar à entrada escavada no chão que os levariam a uma suposta câmera mortuária, que o doutor Hughes dedicara metade de sua vida para comprovar a existência. Richard Hughes, renomado professor de Harvard e arqueólogo conhecido mundialmente, começara sua obsessão pelo que chamava de “A história dos três”, desde que pusera seus olhos em inúmeros rolos de papiros encontrados no subsolo aonde ficava a cidade que outrora fora uma capital do Egito Antigo, a cidade de Menfis na III dinastia. Os hieróglifos nos papiros contam a historia dos trigêmeos filhos do Faraó Djoser. E de como por meio de um Elixir administrado por uma feiticeira, eles foram salvos da morte quando ainda eram bebês. O doutor Hughes acreditou que os papiros haviam sido escritos pela própria feiticeira. Em um dos Papiros, que fora escrito em uma língua jamais vista e completamente desconhecida como sendo da III dinastia do Antigo Egito, e em que o doutor dedicou mais de dez anos na tentativa de decifrar, a feiticeira relatava que mesmo sendo diferentes, os poderes que os trigêmeos adquiriram, no entanto, de maneira intrínseca eram todos eles ligados pelos elementos. Num outro trecho possível ao doutor decifrar, ele apenas identificou isto: “... amando-se eternamente. Amaldiçoados. Eternamente separados...”.

O doutor Hughes, seu assistente, e mais dois operários que na escavação haviam encontrado a porta para a câmera mortuária, mas que não entraram por saber que tal ato só poderia ser feito pelo arqueólogo encarregado, encontravam-se agora diante da entrada escavada. O rapaz, Sullivan, junto deles.

Todos adentraram o túnel escuro, somente iluminado por lamparinas espalhadas pelas paredes e tochas que os operários levavam consigo. O doutor ia à frente com seu assistente, seguido pelos operários e Sullivan. Cerca de trinta minutos de caminhada por um terreno pedregoso, todos se encontraram diante da porta que foi deixada entreaberta pelos operários. O doutor Hughes tocou na porta. Tentava ler os hieróglifos desenhados.

_ Santo Deus! Só pode ser aqui. Vamos, ajudem-me a abrir toda a porta! – pediu o doutor.

Os operários se anteciparam e forçaram a porta, que se abriu fazendo um ruído que significava séculos sem manuseio. Lá dentro, viram inúmeras arcas, varias peças reluzentes ainda. No meio da pequena sala viram três sarcófagos egípcios do período da III dinastia. Os operários se afastaram, mas o doutor Hughes caminhou como se estivesse sendo atraído em direção dos sarcófagos por uma força invisível.

_ É tudo real. Os papiros... É tudo verdade. Eles existiram! Santo Deus! Por quarentas anos zombaram de mim, mas agora aqui está a prova. Os três existiram! – o doutor falava enquanto caminhava ao redor dos sarcófagos. Sua mão pairava entre eles, como se tivesse medo de tocá-los e descobrir que não são reais. _ Vejam aqui! Seus nomes; Meryetamun, Mêmphis e Meryamun. Temos de abrir esses sarcófagos...

O doutor parou de falar quando ouviu um dos operários gritar. Olhou na direção e o que viu foi algo inacreditável. Enquanto um dos operários rolava ao chão com todo o seu corpo coberto de chamas, o outro em vão tentava apagar o fogo jogando areia. E em seguida o doutor viu este operário cair de joelhos gritando, e como se houvessem saído de dentro dele, chamas tomaram todo o seu corpo. O doutor se ergueu em choque diante da visão aterradora dos operários sendo carbonizados vivos.

_ Pelo amor de Deus, doutor Hughes! Temos que sair daqui agora mesmo! O lugar é amaldiçoado! – o assistente gritava em desespero, e em seguida explodiu em chamas.

O doutor caiu pra trás e rastejou para longe do fogo. Foi com assombro que olhou para Sullivan e viu que ele havia retirado os óculos escuros. Os olhos do jovem brilharam intensamente com uma tonalidade vermelha, como fogo...

Sullivan caminhou até os sarcófagos.

O doutor ficou em silêncio, sua mente não conseguia interpretar logicamente todos aqueles acontecimentos. Viu Sullivan imóvel diante dos sarcófagos. O rapaz parecia perdido em seus pensamentos com a cabeça abaixada e uma expressão de dor e pesar.

_ Tinham que fuçar a terra e vir até aqui, não é, doutor? Vocês não podem levar suas vidas desprezíveis e insignificantes sem olhar para trás... – disse Sullivan. Abandonou sua posição frente aos sarcófagos e foi na direção do doutor.

O doutor Hughes olhou para o jovem sem compreender nada do que ouvira. Viu Sullivan sentar-se sob uma pedra e o olhar com um sorriso nos lábios.

_ É o passado que o interessa, não é? Deseja saber o que houve com os três? Responda!

O doutor ouvira Sullivan falar-lhe todas aquelas palavras com um tom ameaçador, e mesmo que não quisesse admitir, sentiu medo ao encarar aqueles olhos flamejantes, optou pela resposta que achava ser a desejada.

_ Eu... eu desejo! – disse o doutor num murmuro quase inaudível

_ Certo! Vou realizar seu desejo... Talvez o último...


“O engraçado é que boa parte de suas especulações estão corretas, por outro lado, são imprecisas.

De fato. Os filhos do Faraó Djoser eram três, mas eram gêmeos, sabia disso, doutor? Acho que não... Mas as crianças nasceram com uma enfermidade congênita. É claro que na época isso significava que morreriam em menos de três meses. O faraó mandou que chamassem todos os médicos, sacerdotes do Deus Amon, tudo em vão. Foi um desconhecido conselheiro que falou ao Faraó sobre uma feiticeira que supostamente havia curado inúmeras pessoas. O Faraó mandou que a chamassem urgentemente.

Não foi fácil encontrar a feiticeira, mas tudo o que um Faraó deseja, ele consegue. Quando, enfim, a feiticeira foi trazida até o Faraó, este a implorou que salvasse as vidas de seus filhos, no entanto, num exame feito por ela, comprovou-se que qualquer tipo de medicina, alternativa ou não, seria ineficaz. A feiticeira deu esta notícia ao Faraó, que obviamente não a recebeu bem... Ele esbravejou, amaldiçoou a tudo e todos e disse a Feiticeira que lhe daria qualquer coisa se salvasse a vida dos seus filhos.

A Feiticeira conhecia uma única maneira, no entanto, era algo proibido, algo que deveria ser guardado... Ela tomou sua decisão. E sem revelar a ninguém, deu aos bebês trigêmeos o Elixir da Imortalidade.

No dia seguinte as crianças já sorriam, sem nenhuma evidência de ainda estarem doentes. Satisfeito, o Faraó mandou que chamassem a Feiticeira. Assim que a encontrou, disse-lhe categoricamente que podia pedir o que desejasse. A Feiticeira pediu para ficar a sós com ele, e assim que todos se retiraram, pediu que a menina lhe fosse entregue, pois não podia ter filhos, e o Faraó poderia dizer a todos que apenas a menina não se salvara, mais os dois meninos estavam fortes e saudáveis. O Faraó considerou o pedido da Feiticeira um absurdo e se encheu de fúria. Disse a ela que sumisse de sua presença por lhe ter feito um pedido inconcebível e selvagem. Nunca um Faraó venderia um filho seu. A Feiticeira se foi, mas como não podia desfazer o que já estava feito, lançou uma maldição nas crianças.


“Vidas viverão. E isso é inevitável agora... Mas, felicidade nunca encontrarão. Um não poderá viver sem o outro, três que são como um, amando-se eternamente. Amaldiçoados. Eternamente separados.”

Depois disso nunca mais se teve notícia da Feiticeira...

Os três foram crescendo.

Normalmente irmãos gêmeos costumam ter algum tipo de ligação, mas jamais houve uma como a daqueles três, doutor, jamais!


Meryetamun, Mênphis e Meryamun. Três seres distintos, mas um único amor.

Desde muito jovens, eles já sentiam um pelo outro uma atração mais do que incomum... Eram constantes as carícias que trocavam... Deve achar estranho, não, doutor? Mas o que vai dizer se eu lhe contar que uma das coisas que mais excitava Meryetamun era ver seus irmãos se tocando? Ah, e por muito tempo foi assim entre eles, sem distinção alguma. Os serviçais do Palácio os encontravam em constantes momentos juntos e unidos... Entende o que falo, meu caro?

Outra coisa que acho, vai gostar de saber, doutor. Quando atingiram a puberdade, os três, desenvolveram um tipo de dom, algo que veio junto com o Elixir da Eternidade. Cada um deles tinha um tipo de poder... Meryetamun em muitas ocasiões de raiva e fúria fazia com que coisas explodissem em chamas. Mênphis conseguia encontrar água em qualquer lugar do deserto. Meryamun, às vezes podia ser duro como uma rocha e causar tremores de terra que faziam com que todos os serviçais o temessem. Os três resolveram guardar segredo sobre tais fenômenos.

Quando adultos as coisas mudaram um pouco... Meryetamun devia se casar com Mênphis, pois, como ele nascera primeiro, sendo o primogênito e sucessor do Faraó, devia tomar sua irmã como esposa para que o sangue divino dos deuses corresse puro em seus filhos.

Entenda, doutor, ela nunca poderia ter escolhido entre um dos seus irmãos, pois os amava igualmente. Não poderia abdicar dos braços, dos beijos, do jeito engraçado e sempre alegre de Meryamun. E de igual maneira era inconcebível estar longe de Mênphis e todos os seus carinhos e calor, o seu jeito sempre sério, inteligente, consciencioso e todas as coisas que ele a ensinava.

Precisava dos dois, qualquer coisa que não fosse isso, era morrer.

Lembra-se da maldição doutor? Lembra-se que eles são imortais? Vou lhe explicar essas duas partes, uma de cada vez e em ordem.

Mênphis orquestrara um plano. E por mais que amasse Meryamun, naquele momento desejava Meryetamun apenas para ele. Então, como sucessor do Faraó, enviou seu irmão para uma fortaleza bem afastada. Assim o caminho estaria livre para seu casamento com Meryetamun.

Houve uma briga entre eles dois. Meryetamun chegara no momento exato em que os dois lutavam. Eles estavam em uma pequena casa próxima ao Nilo, local onde os três costumavam se encontrar...

O choque de ver os dois brigando de uma forma em que estava preste a perder um deles, fez com que seus poderes se descontrolassem... Eles não a viram. E também usaram seus poderes, um contra o outro.

A casa inteira explodiu. Os três morreram juntos, pela primeira vez...

Mas eles não eram imortais, você deve estar pensando, não, doutor?

Pois eu lhe digo, meu caro, eles ainda estão vivos, e ainda amaldiçoados. A imortalidade acontece de variadas formas... E os três podem morrer, mas sempre vão reencarnar e lembrar de tudo e todas as vidas passadas que tiveram.”.

_ E é essa a história, doutor, ou na verdade apenas o começo dela...- disse Sullivan e em seguida voltou a encarar o doutor.

Ainda sentado no chão, o doutor ouvira tudo sem sequer mover um músculo. A única coisa que passava pela sua cabeça era saber a verdadeira identidade do homem a sua frente.

_ Quem é você? – perguntou com uma voz fraca, mas imperiosa.

Sullivan sorriu.

_ Ainda não compreendeu... – murmurou Sullivan, balançando a cabeça em negativa. _ Muito prazer, doutor, eu me chamo Meryetamun.

Os olhos de Sullivan brilharam novamente num tom vermelho como fogo, foi à última coisa que o doutor viu, e o resto foram cinzas.

Cadeia Alimentar; vampiro Andrei Vasselevitch.

Minha paixão não é uma doença, mas sim um meio de vida. Não é um tumor que invadiu minha fibra moral, mas a verdadeira substância do meu ser. Não sou monstruoso, mas sim a quintessência da humanidade e do mal. Não é o que eu sou, mas sim quem eu sou. Eu sou quem eu sou.

Vou matá-la, eu sei. Quero possuí-la do meu modo pervertido tanto quanto quero sua vida. Isso é amor, dizemos nós, monstros, a nós mesmos. Amamos de um modo ardente demais, antigo demais, honesto demais. E, também, bestial demais. O amor é a última grande mentira. Há pouco que se possa dizer sobre um amor arrasador, tão desejoso de tornar-se um só ser com a amada que o amante cortar seu pescoço afim de beber o jorro vermelho, denso e quente, todo, até o último estremecimento do coração agonizante.

Permaneci como a sombra da jovem. Já a seguia por horas, desde que deixara seu apartamento, tomara um táxi e soltara numa rua deserta. Sei o que ela fará e a perspectiva de ver isso me excita de tal forma que só ficarei feliz quando o seu sangue rolar por minha garganta abaixo. Criatura fascinante. Ela dobra a esquina, seus cabelos dourados são agitados pelo vento. Muito bonita, irresistível a qualquer mortal. Tão mortífera quanto eu. Ela vai matar esta noite. Essa é sua paixão. Eu vou matá-la esta noite. Esta é a minha paixão.

Molly Winters chegou aonde desejava. Eu já sabia, por isso antecipei-me e esperei já dentro do apartamento que é seu destino final, ou, neste caso, o fim é do morador dele. Eu sou Andrei Vasselevitch, vampiro, alimento-me de sangue humano, leio mentes, posso voar pelos ares e uma série de outras peripécias preternaturais. Isto é o que sou há mais de quinhentos anos. Molly Winters é uma humana simples como qualquer outra, tirando uma única exceção... Nem todos os mortais possuem o mesmo hobby de Molly...

Molly Winters é uma assassina, mas ao contrário de mim que mato apenas pra viver, ela o faz por puro prazer. Aos quinze anos matou um amigo na escola, quando este tentava roubar-lhe um beijo. O crime nunca fora solucionado. Encontraram o menino jogado atrás da escola com um lápis enfiado na garganta. Foi o primeiro de uma série de mais de cinqüenta vitimas. Mas tudo na vida humana um dia chega ao fim...

Um qualquer. O tipo de sujeito que você encontra em toda esquina, no entanto, foi o escolhido de Molly. Porque? Eu sei. A mente dela é um livro aberto pra mim. Não tem lógica alguma o seu critério de escolha, mas ainda assim eu a compreendo. Eu sou o único que a compreende, e por isso, nada mais, nada menos, reservei-lhe um sublime fim nos meus braços.

O cenário montado. Dois dos participantes da peça já encontram-se no palco, a terceira e última, mas não menos importante, Molly, encontra-se parada diante da porta do apartamento. Ela tem uma faca de caça na bolsa. Eu, o vampiro, encontro-me escondido nas sombras. Ele, o escolhido, esta sentado na cozinha, tem um sanduíche em mãos, ele não sabe que será sua última refeição. Devo avisá-lo? Talvez ele prefira comer algo mais interessante, talvez o seu prato preferido, antes de morrer...

Como posso explicar o meu estado de ansiedade nesta situação? Normalmente sou criatura sem sentimentos, fria, não transparente. E, não sou assim porque quero, e sim porque vivi tempo demais. Sinto-me jovem, com o coração batendo apressado. Eu poderia estar suando de nervoso agora, mas não é pra tanto. E odeio exageros.

Ele não me interessa, mal o noto. Não pertence a mim e sim a Molly, que por conseguinte, não pertence a mais ninguem, além de mim.

Daniel se levantou assim que ouviu o som da campainha. Molly fitava-se no espelho que carrega consigo. Ela é extremamente vaidosa. Perde horas se arrumando quando pretende sair pra matar. Segundo a própria, esta é uma forma de dar uma bela última visão a suas vítimas.

Molly e Daniel se conheceram na faculdade. Ele o rapaz fantasma que ninguem nota a não ser que seja pra dirigir-lhe alguma zombaria. Ela a garota-maravilha que todas as outras querem se parecer e todos os garotos querem transar. Daniel não acreditou quando ela mesma se convidou pra um jantar em seu apartamento, no entanto, viu pelo olho mágico, lá estava ela com seu sorriso irresistível.

Daniel soltou um suspiro, contou até três e abriu a porta. Molly sorriu, deu-lhe um beijo no rosto, em seguida o olhou de cima abaixou e fez cara de desaprovação.

_ Eu trouxe vinho e comida chinesa. E o senhor ainda nem tomou um banho, pelo que vejo. Já pro banheiro, Daniel. – ordenou de modo sedutor.

Pobre Daniel, estalava os dedos de tão nervoso. Sim, ela tinha dito que viria, mas como ia acreditar nisso? Molly Winters, vinho e comida chinesa, no seu apartamento? Ele achou que fosse uma piada, mas aqui está ela, em carne e ossso.

_ Eu não acreditei que você fosse mesmo vir. Desculpe.

_ Não seja bobo. Eu sou uma mulher de palavra. Banho, Daniel. – foi empurrando ele em direção ao quarto. _ Fique bem bonito para mim, e não se preocupe, eu acho a cozinha, quando você terminar estará tudo pronto.

Um Daniel atônito e nervoso entrou no banheiro. Molly facilmente encontrou a cozinha. Passou tão próxima de mim que fiquei surpreso com o fato de não ter me notado. Tirou o vinho e a comida das sacolas. De sua bolsa um poderoso sedativo que faria Daniel dormir pelo tempo suficiente que ela precisará para amarrá-lo.

Preparou tudo enquanto ia cantarolando Paint it black do Rolling Stones. Música bastante apropriada, diga-se de passagem.

Quando Daniel deixou o banheiro, já vestido, seus cabelos castanhos escuros bem penteados, tendo optado, a despeito de sua visão míope, a não usar os óculos, Molly já tinha tudo em seu devido lugar.

O rapaz chegou na cozinha, seu nervosismo é quase palpável. Fiquei tentado a interromper a ordem natural das coisas e tomá-los, os dois para mim, entretanto, eu não sou egoísta, não sempre... Foi recebido por um beijo nos lábios de Molly que o fez corar. Ela o puxou para a cadeira. Tinha uma vela acesa em cima da mesa. Que delicado da parte dela fazer daquele momento o mais romântico possível. Molly ofereceu a Daniel uma taça de vinho cheia do sedativo e pegou a outra para si.

_ Um brinde a sua saúde, meu querido Danny. – eu sorri com a extraordinária ironia das palavras dela. Daniel ergueu sua taça e tocou a de Molly. Em sua mente ainda as mesmas perguntas sobre o repentino interesse dela na sua pessoa. Daniel se sentiu um cara de sorte...

Não demorou muito. Passaram a uma conversa trivial sobre as aulas da faculdade, até que ele soltou um sonoro bocejo, fechou olhos por alguns segundos, em seguida abriu-os, achando muito esquisito aquele sono súbito. Molly ficou de pé e foi em direção a ele, sentou-se no colo do rapaz e segurou seu rosto com ambas as suas mãos.

_ Durma, meu anjinho, eu cuido de você. – a cabeça de Daniel pendeu indo ao encontro dos fartos seios de Molly. Ele apagou completamente.

Observei Molly preparando o cenário para o próximo ato.





Daniel despertou trinta minutos depois. Qual não foi o seu choque ao ver que se encontra deitado na mesa da cozinha que, no entanto, agora encontra-se no meio da sala, suas mãos e pernas estão amarrados nos pés da própria mesa. Muito bem amarrados, por sinal, Molly sabe bem que diante de muita dor, alguns deles são capazes de se livrar de nós mal dados. E o rapaz agora achou que compreendia. Mas é claro, não? Molly Winters sairia com ele? Um ninguem, um nerd idiota qualquer? Claro que não. Daniel olhou em volta, esperava ver os outros alunos da turminha de Molly que viviam lhe pregando peças, porém, viu apenas Molly. Ela estava parada diante da janela, tinha uma faca enorme em mãos e fitava a rua lá fora.

_ O que está acontecendo? – perguntou Daniel.

Molly, como que pega de surpresa, encarou-o. Abriu um sorriso doce que tranquilizaria qualquer um que não estivesse completamente amarrado numa mesa.

_ Vamos brincar, Danny. O nome do jogo é ' eu te corto e você não grita'. É claro que vou deixá-lo completamente ciente de todas as regras. Não sou injusta, como você logo verá... – Molly aproximou-se dele. _ Regras, Danny. Eu vou fazer dez cortes em você com essa faquinha aqui. Apenas isso e te liberto. Mas, tem apenas uma coisinha... Se você gritar, acrescenta automaticamente mais dez cortes a brincadeira. Entendeu, querido?

_ Você é maluca? Molly, por favor, desamarre-me, eu não quero brincar. Você já me drogou, pelo amor de Deus, isso já esta indo longe demais! Eu vou denunciar vocês a policia! – esbravejou Daniel.

Molly balançou a cabeça negativamente. Deslizou a ponta da faca pela coxa de Danny. E rapidamente passou a rasgar suas roupas sem ouvir os protestos dele. Deixou-o sem a camisa e a calça. Notou que aquilo excitara o rapaz, assim que viu um robusto volume em sua cueca.

_ Veja só! Você está gostando da brincadeira. – ela passou a ponta da faca pelo abdômen dele. _ Vamos começar o jogo. Não grite, Danny.

A faca foi deslizando pelo peito do rapaz enquanto Molly sorria. Em seu íntimo, posso ler isso na sua mente, Danny acreditava ainda que fosse só uma piada, logo os outros apareceriam para rir do medo dele. Então tentou ser forte e encarou Molly com um certo ar de desafio.

Ela o cortou. A lâmina rasgou seu peito, arrancando-lhe para sempre um dos mamilos. Daniel gritou. Na verdade, foi um urro de pura dor. Eu sorri. Molly ficou muito triste.

_ Ah, não! Danny! Você gritou no primeiro corte! Céus! Eu agora tenho mais dez cortes. Dezenove cortes, Danny, dezenove totalizando agora. Que droga! Vê se fecha a boca. – falou Molly, profundamente triste por Danny. Eu aprecio a ironia.

_ Para com isso, por favor, para com isso!– suplicou o jovem Daniel. Eu me aproximei um pouco, ainda escondido nas sombras.

Molly cortou mais uma vez, outra, e mais outra. E, ele, talvez por não ter compreendido bem as regras do jogo, ou porque, de fato, não tinha muita imunidade a dor, gritou por tantas vezes que Molly perdeu a conta dos cortes, passando assim a retalhá-lo furiosamente. O sangue esguichou para todos os lados, sujando todo o carpete, atiçando a minha sede.

A senhorita Winters parou agora. Ficou completamente imóvel. E também completamente banhada no sangue do extinto Daniel. Ela deixou a faca cair no chão e ficou olhando, admirada, seu trabalho.

Um belo momento de contemplação. O artista que acaba de terminar uma obra prima, olhando admiravelmente para o resultado dos seus esforços. Adoro Molly Winters. Estou completamente fascinado por ela. Não existe a menor possibilidade de que não seja minha.

Eis o momento da revelação. Prometeu surge e trás o fogo aos humanos. Peter Pan entra pela janela, acorda Wendy, uma insana, sou forçado a admitir, oferecendo-lhe uma viagem sem volta para a terra do nunca!

Voilá! Andrei Vasselevicth entra em cena. Merde para mim!

_ Brilhante! Fantástico! – deixo as sombras e vou caminhando para o centro da sala, para a minha Molly, minha Sybil Vane, já que sou seu Dorian Gray, imortal.

Deixando seu transe contemplativo, Molly, vira seu rosto em minha direção. Lindíssima com as bochechas vermelhas de sangue. Quero beijá-la. Vi-a curvar-se, pegando a faca, pondo-se em posição de combate.

_ Vai querer jogar comigo? Eu não vou gritar. Vamos, comece. – fui até ela. Molly não hesitou e cravou a faca abaixo do meu peito, enterrando-a até o cabo, e, como todo bom ator, fiz minha encenação. Transformei minha expressão facial em uma careta de dor e cai de joelhos, não antes dela puxar a faca de volta. Olhei-a diretamente nos olhos. Obviamente não gritei.

_ Quem é você e o que esta fazendo aqui? – perguntou ela.

_ Sou Andrei Vasselevitch. O que estou fazendo aqui? Ora, eu vim jogar. Mas, se me permites, vou mudar as regras um pouco... Você tem direito a mais um corte, e então será a minha vez. – permaneci de joelhos, olhando para ela e sorrindo.

Ela veio até a mim, puxou-me pelos cabelos, assim deixando meu pescoço livre para sua faca.

_ Você já era, maluco. - cortou-me de orelha a orelha. Fechei os olhos e deixei que meu corpo fosse de encontro ao chão. Ela ficou parada, olhando para mim e indagando-se. 'Como esse cara veio parar aqui?'. Em seguida tratou de pegar todas as suas coisas. Tinha a intenção de se limpar e sair, mas a minha chegada a deixara preocupada e com pressa. Trocou de roupas e limpou o sangue como pode. Quando Molly chegou a porta eu me levantei, fiz isso em menos de um segundo.

_ Ah, o jogo ainda não acabou, Molly. – ela se virou, pela primeira vez seu rosto expressar o mais puro medo. Sua atenção foi tomada pela total ausência do ferimento em meu pescoço. Movi-me novamente rápido demais para os seus olhos mortais. Segurei-a pelos pulsos, prendendo-a contra a madeira da porta. _ Minha vez...

Deixei que minhas presas falassem por mim, enterrando-as no pescoço de Molly. Seu sangue veio alegremente para minha boca. Chupei com vontade, sorvendo cada gota de lembrança, cada assassinato cometido, cada jogo, cada vida, almas roubadas, pela minha doce Sybil Vane. Foi com um esforço hercúleo que a deixei. Tomei-a em meus meus braços e fiz com que deitasse no sofá. Seu sangue aliado a suas lembranças mortíferas deixaram-me tonto. Cambaleei até uma poltrona do outro lado da sala, sentando-me. Molly recuperou os sentidos, buscou-me com os olhos.

_ Vampiro... – murmurou.

_ É tudo o que sou, querida. – retruquei. Limpei meus lábios com a manga da camisa.

_ Por favor, eu quero ser como você... – suplicou Molly. Minha Molly assassina dirigiu-me uma súplica. Senti-me cheio de alegria.

_ Isso não pode ser. Gosto de você assim. Humana e assassina. Quente e macia.

Ela se levantou lentamente, estava fraca devido a perda de sangue. Perda para ela, para mim foi tudo muito bem aproveitado... Deu passos trôpegos em minha direção. Eu apenas a fitei. Molly sentou-se em cima das minhas pernas e me beijou nos lábios, mordendo-me, suas mãos se fecharam em minha nuca.

_ Por favor, por favor, por favor... sussurrou, gemeu, por entre nossos lábios.

Extra! Extra! Extra!

Morto. Deus está morto. Aparentemente de causas naturais, nenhum corpo foi encontrado para autópsia. E, assim, faleceu o Deus de Moisés, Jacó e Josué. Deixou como legado um universo infinito de estrelas, planetas, constelações e galáxias.

A comoção é geral entre todos aqueles que acreditavam na sua existência. Ateus pronunciaram-se com apenas uma frase: "Também não acreditamos que tenha morrido".

No Vaticano o papa celebrou uma missa muito bonita que trouxe alento aos corações de muitos fiéis, no entanto, houve confusão no fim. "Que Deus esteja convosco... quero dizer, er... Amém".

Celebridades ao redor de mundo também se pronunciaram. Angelina Jolie e Brad Pitt adotaram mais uma criança. O nome da menina é 'Pai Nosso Que Estás No Céu Abençoado Seja o Vosso Nome Assim Na Terra Como No Céu', em homenagem ao recém falecido.

Tom Cruise em nota disse: "Já esperava por isso. Foram os alienígenas que o mataram, porque na verdade a Terra foi criada por eles, os habitantes do planeta Mxyzptlk...". Em seguida construiu outra pista de pouso para Ovnis em seu jardim.

Fãs de Michael Jackson alegam que o criador do universo na verdade era fanático pelo astro do pop e que quando soube da morte dele não resistiu a dor e cometeu suicídio. Dizem ainda que o Senhor do universo também era incapaz de compreender como um afro descendente fica com a pele mais clara do que um dinamarquês.

Em manchete extraordinária emissoras de TV divulgam um vídeo amador gravado por um celular, onde mostra o exato momento em que Jesus recebe a fatídica notícia.

Cabisbaixo e com passos hesitantes, o Arcanjo Gabriel entrou na sala. Jesus se encontrava preguiçosamente lixando suas unhas sentado num sofá muito confortável de três lugares.

_ Você tem de ser forte agora, Jesus, trago trágicas notícias... - falou Gabriel, o Arcanjo.

_ Sim.

_ Deus está morto, Jesus, e o mundo agora precisa de você. - disse Gabriel em tom solene.

_ O Quê? – visivelmente chocado, Jesus indagou.

_ Você é o Deus agora, precisa reger o mundo...

_ E eu por acaso criei algum mundo, Gabriel?

_ Mas, Jesus...- Gabriel tentou protestar.

_ Nem pensar. Sem chance! Fui crucificado por essa gente, sabia? E agora ainda tenho que ser Deus e reger esse mundo maluco, entregue as baratas? Chame Lúcifer. Pode me incluir fora dessa.

– Jesus deixou a sala, sendo seguido pelo Arcanjo Gabriel que ainda tentava fazê-lo mudar de idéia.


Moral da história: Porque toda história tem que ter moral?

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Who You Want.

Permitam-me confundir vossos cérebros.

Quem se define se limita?

Não.

Quero começar me opondo a esta frase tão clichê por aqui. Desejo me definir e, no entanto, fazer com que concordem que sou ilimitado.
Posso ser quem você quiser, aliás, tendo franqueza como intenção-mor , eu afirmo categoricamente que sou quem você quer. 

Aprecio muitíssimo ser o triste e desolado anjo caído, mas admito minha exímia atuação de demônio maliciosamente sutil.
Há muito tempo já deixei de ser inocente, e inocência é como virgindade. Ninguem pode ser virgem outra vez...

Sou o protagonista das minhas aventuras. Posso ser o antagonista das suas. Jamais sou figurante. Sou capaz de extremos atos de bondade, mas infelizmente sempre me destaco pela crueldade. Sou sempre mal compreendido e mal interpretado. Não reclamo, faz parte do jogo. Tudo é apenas um jogo e o quanto mais cedo você se der conta disso, melhor será. Portanto eu guardo meus Ases.

Jamais revelo minhas reais intenções. Blefo, minto e omito. O fim sempre justifica os meios.

Permito-me ser enganado. Faço-me de tolo. Jamais freio ninguem. Deixo que prossigam com suas próprias partidas, mas no fim eu apenas sorrio. Tudo é entretenimento.

Sou generoso. Nunca me apeguei a coisas matérias. Mas sou egoísta com sentimentos, sensações e pessoas especiais( Muito poucas...). Porque eu não seria? Você não precisa de mais nada, não precisa de ninguem. Tenho e sou tudo do que você precisa.

Sou sensível. Não vou mentir quanto a isso. Acho que é um maldito defeito de fábrica. Histórias tristes trazem lágrimas aos meus olhos. Meus pêlos se arrepiam em momentos de clímax.

Posso ser carinhoso, romântico, gentil e delicado, durante o dia. E a noite sou vadio, devasso, pervertido e sádico. Ah, talvez insaciável... rs.

Sou aquele escritor que você gosta de ler. Aquele sujeito profundamente preocupado com questões  ambientais, raciais, sócias, politicas, cientificas e humanas. Aquele que daria qualquer coisa por um mundo melhor. Mas também sou o mesmo que joga a lata de cerveja pela janela do carro, aquele que deseja que o mundo vá para o caralho, sai a noite, enche a cara de cachaça e fuma um maço de cigarros por dia. Sou aquele que troca pessoas por livros.

Já vi, fiz, consumi, usei de tudo. Já falei de amor sem de fato sentir. Já parti corações e já juntei os cacos do meu quando ele foi partido. Isto nunca mais voltará a acontecer.


Vou sempre ser o herói no meu ponto de vista, e vilão nos dos outros. Não me importo mais com isso. E, afinal de contas ser herói sempre é enfadonho... rs.

Tenho Deus e o Diabo dentro de mim, mas eles não disputam pela minha alma, revezam num acordo mútuo.

Ironia, sarcasmo, humor negro, tais “virtudes” estão para mim como o ar está para os seus pulmões.
Eu me defini? Eu me limitei? Eu me importo com o quê você pensa?

Talvez... talvez...

Apenas faça sua escolha.

Eu sou meu, e o prazer sempre será seu porque eu faço questão que seja.
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Ensaio sobre a Idiotice.

Que fique claro ser este um assunto sério e não cômico. Então não espere tiradas engraçadas e coisas do gênero.

A idiotice deve ser combatida, extirpada e extinta de uma vez. Idiotas são como ervas daninhas, arranque-as ou destruirão o seu jardim.

Existem inúmeros tipos de idiotas, classificar todos seria uma grande e imprestável idiotice.

Idiotas são a única espécie de criaturas que não fazem parte da natureza, sua total extinção em nada influiria com o equilíbrio e status quo.

Idiotas podem ser extremamente agradáveis de se ter por perto. Eles fazem você rir sem ter intenção, normalmente são dóceis e carinhosos, mas por outro lado, é necessário saber manipular seu idiota de forma a não ter problemas.

A manipulação de idiotas é uma arte muito antiga e complexa. Um grande e célebre idiota da história foi Moisés, no antigo Egito. Manipulado este idiota largou a vida mansa e cheia de riquezas de filho do Faraó, para guiar a maior caravana de idiotas que já se teve notícia na história.

Todo bom manipulador de idiotas está preparado para o momento em que seu idiota acabar, enganadamente, prejudicando-o. Isto é inevitável quando se trata de manipulação de idiotas, em algum momento seu idiota vai ferrar um plano seu.

Idiotas podem manipular outros idiotas.

Bons manipuladores de idiotas conseguem manipular até mesmo multidões de uma só vez. (ver Igreja universal do reino de Deus.)

Idiotas não sabem que são idiotas. Eles caminham por ai se achando espertos, inteligentes, nada cônscios de sua idiotez.

Jamais subestime o poder devastador da idiotice. Humanos em grande quantidade tendem a cometerem atos idiotas. (ver Eleições, torcida do flamengo e Big Brother Brasil.)

Idiotice não depende de sexo, classe social, religião ou raça. Qualquer um pode ser um idiota em potencial, ou sem potencial... rs.

A pior das espécies de idiotas é muito difícil de identificar. Estes acreditam tão piamente que não são idiotas a ponto de serem capazes de atitudes sãs e inteligentes, entretanto, ainda são idiotas e podem ser facilmente manipulados através dos seus egos enormes e exigentes de lisonjas.

Idiotice não pode ser transmitida pelo ar ou contato direto com um idiota infectado, mas alguns livros e programas de TV podem transmitir a idiotice. ( ver Stephenie Meyer, programa Zorra Total, malhação e a novela das oito.)

Existem casos de idiotas recuperados. Nunca houve notícia de indivíduo que tenha regredido ao estado de idiota. Existem muitos casos de idiotas que nascem e morrem idiotas.

Não existe nenhuma lei ou orgão de proteção aos idiotas. Ou seja, a temporada de caça a idiotas está aberta o ano inteiro.