Constantine.
_ Então, John, tem esse cara, August é o nome dele. Louco de pedra, entende? Foi o que me disseram. Pois bem, eu o conheci, na verdade me chamaram até lá para vê-lo. Não! Não se preocupa, cara, eu não tô por ai bancando o exorcista, nem nada, mas todo esse tempo contigo e eu acabei aprendendo alguns truques. Eu sabia que era só uma farsa. Então eu fui e me levaram direto ao quarto de August. Frio, cara, era uma noite quente pra diabos, mas lá parecia o pólo norte. - confesso que fiquei assustado, a princípio. - mas logo vi que era apenas o ar condicionado ligado no máximo. Belo truque, não? August estava deitado na cama, não saia de lá há dois dias, disseram-me seus amigos. Quando me aproximei ele abriu os olhos e me encarou. Parecia mesmo endemoniado, bela maquiagem. Eu ri, e então ele começou a falar um monde merda, parecia um marciano falando. No fim ele sorriu, fechou os olhos e voltou a dormir, mas antes disse essas palavras: "Logo nos veremos no inferno, Chas, logo, logo.". Eu fui embora, disse a todos que August era tudo, menos um possuído. O que acha, John?
O táxi de Chas seguia veloz pela Maxwell Street. O passageiro no banco detrás ouvia toda aquela torrente de palavras do motorista , mas parecia distante, fumando um cigarro marllboro e fitando as enormes mansões daquele bairro de ricos. Subitamente virou-se para o motorista.
_ Sinto muito, Chas, você foi amaldiçoado e tem agora provavelmente mais uma semana de vida.
Chas arregalou os olhos.
_ Você nunca foi de fazer piada, resolveu começar agora com uma bem sem graça? – perguntou Chas.
_ Sinto muito. – repetiu o passageiro.
_ Porra, John, ta me assustando!
_ Pare o carro, já chegamos.
Chas pisou no freio e o passageiro logo soltou do carro. Deu uma última tragada que queimou o cigarro até o filtro, jogou a binga no chão e a apagou com a sola do sapato.
_ Volto num minuto. – foi em direção a mansão.
_ Espera, cara. Você falou sério, não foi? Merda! – Chas bateu com a cabeça no volante do carro.
…
_ Entre por favor – pediu miss Elizabeth van Thaussen ao homem que acabara de tocar sua campainha. Esperava por alguem bem diferente do ainda relativamente moço e belo rapaz a sua porta, vestindo um terno cinza escuro. _ Foi o padre George que me deu seu número. – ela completou enquanto o conduzia pela casa em direção ao quarto de Alice.
_ Minha filha Alice sempre foi um anjo. Quando ela adoeceu nós a levamos a todos os melhores médicos, falaram em esquizofrenia, e outros mil nomes estranhos, mas ninguem conseguiu curá-la. Então procuramos a igreja... – ela hesitou, não estava certa de que o seu interlocutor calado poderia mesmo ajudar sua filha. Pararam diante do quarto de Alice.
_ Por favor, ajude a minha menina. Ela tem apenas dezesseis anos. - ela se adiantou e abriu a porta do quarto. O cheiro de enxofre era forte ali dentro. A menina na cama ficou sentada, sua cabeça girou e seus olhos negros encararam o homem que acabara de entrar em seu quarto.
_ Alice, minha filha, este é John... – miss Elizabeth foi interrompida pelo estridente e horrível grito que saiu da garganta de Alice. A menina voou sem impulso algum, indo em direção ao homem que, a recepcionou com um soco direto na face.
_ Meu Deus! – exclamou miss Elizabeth, vendo sua filha voar de volta para a cama.
Ele saltou em cima da garota e a prendeu pelos pulsos.
_ Você tem duas opções, seu demônio de merda, deixá-la agora e voltar paro o Inferno ou esperar que eu te mande para lá, e em seguida vá atrás de você e enfie o pé na sua bunda.
A resposta foi mais um grito horrível capaz de gelar a alma de miss Elizabeth van Thaussen.
_ Quem você pensa que é? – não era a voz de uma menina, mas de um monstro saído de um conto de horror.
O homem se inclinou, aproximando seus lábios da orelha da garota possuida.
_ Constantine, John Constantine. Traduza isso para; você se fodeu.
…
Algum tempo de espera depois, Chas viu Constantine voltar e entrar no táxi pela porta traseira, acendendo logo um cigarro.
_ Eu quero te agradecer, John, por tudo, cara, quando eu morrer você pode ficar com o táxi...
_ Era só uma piada, Chas, dirija sim, leve-me para um bar qualquer onde sirva uísque barato. – disse Constantine, interrompendo Chas.
_ Você é um filho da puta, John, um grande bastardo filho da puta.
By Rodrigo Botelho.
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Diálogo com o Arcanjo Gabriel.
_ GABRIEL: Você está morrendo de câncer pulmonar porque fuma 30 cigarros por dia desde os 17 anos. E vai para o inferno por causa dos males que causou. Você tentou matar seu pai, entre outras coisas. Usou seus amigos como proteção, depois abandonou todos quando estavam arruinados. Abusou de magia e feitiçaria quando era proibido... Os 10 Mandamentos não passam de uma piada para você!
_ CONSTANTINE: Os 10 Mandamentos? Eu não acredito que estou ouvindo isso... Deus do céu...
_ GABRIEL: Você desobedeceu as regras, Constantine. Só isso...
_ CONSTANTINE: Regras? REGRAS? Fodam-se as suas regras! Enfia no cu! E o que me diz de todo o bem que eu fiz, hein? O que me diz?
_ GABRIEL: Há mais mal em sua vida do que bem, Constantine. Muito mais...
_ CONSTANTINE: Ahhh, entendi... Tem um babaca em algum lugar segurando uma balança, pesando os quilos de bem e mal? Esse é o problema de vocês! Todo o seu bando anda por aí, como um monte de babacas, vendo tudo em preto e branco. É verdade, vocês não entendem nada sobre nós. E digo mais: vocês são o problema, não nós. Foram vocês que armaram esse monte de regras pra nossa vida e nem entendem a gente!
_ GABRIEL: Apesar de todos os seus protestos e arrogância, você está condenado, porque o inferno reivindicou sua alma. E é para o inferno que você irá...
2 comentários:
Que pena que foi tão roteirístico.
Depois de toda sensibilidade reescrevendo Pan, senti sede de algo naquele estilo. Ainda estou sedenta, que castigo!
Quero mais desatino de demônios, poesia concreta e prosa abstrata, mais ilusão conduzindo ao nada!
Esse texto foi incapaz de alegrar o meu espírito.
Abraço e até mais!
Isso é falta do que fazer, Srta. Eternity. Aceito sugestões.
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