O Vampiro Armand.

Uma miscelânea de muitos eu’s que já fui e que sou no presente momento.

Andrei; Jovem menino angelical, que pintava ícones com talento inenarrável.Pintava-os, não com mãos humanas, mas de acordo com os padres, com talento divino, ou seja, pintava por inspiração de Deus.

Amadeo; Jovem menino angelical, que depois de violado e vendido como escravo, veio nas mãos de Marius, seu amado mestre, conhecer toda a beleza e prazeres que a Renascença quatrocentista de Veneza poderia oferecer-lhe. Uma época de perguntas e poucas respostas. Época de segredos revelados, de morte e ressurreição.

Armand; Antigo menino angelical, líder de uma assembléia de adoradores do demônio nas profundezas do cemitério les innocents em Paris. Cego, vencido e deixando-se levar pelos pensamentos infames e incoerentes de outros.

Lestat, jovem arrogante e aristocrata sem posse alguma, nobre de corte nenhuma. Lestat que despedaça sonhos e abri até mesmo olhos que desejavam permanecerem fechados.

Lestat, que arrasou minhas idéias levianas, idéias que de outros e por passividade herdei. Lestat, que me deu o Théâtre dês vampires.

Théâtre ao qual chamei de lar, sem nunca realmente o sentir como tal.

Tudo isso é passado. Nada disso realmente importa ou sequer talvez tenha importado algum dia. Abstenho-me de continuar a pintar este quadro irrelevante e de cores cinzas, enevoadas e sem vida.

Não falarei sobre véus, não mencionarei a deus ou o cristo crucificado, estas lembranças só a mim pertencem e já foram mencionadas, por tanto quem não teve entendimento sobre tais palavras, de forma alguma terá aqui.

Hoje ouço a Apassionata tocada por Sybelle, vejo Benji maravilhado com as cores da noite. E eu os amo, um amor verdadeiro e diferente de todos que conheci.

Hoje sou Armand, o vampiro. Sempre o serei.

"She's like a heroin."

Quando eu tinha aproximadamente doze anos, levei um tombo do pé de abacate. A principio não foi nada grave, mas algum tempo depois eu não podia sequer mover o joelho direito, a dor era imensa. Quase todas as crianças tem medo de injeções, ao menos eu não me lembro de já ter visto alguma criança num hospital gritando “ Obaaaaaaaaaaa, INJEÇÃOOOO.” Eu não era uma exceção, ao contrário, eu entrava em pânico. Lembro-me do meu pai correndo atrás enquanto eu ia pulando numa perna só como se fosse o Saci fugindo da Cuca.

Antigamente a Heroína era aplicada de uma única forma, uma injeção intravenosa, mas hoje em dia tem aqueles que a misturam a outras drogas, ingerem, fumam, no entanto, a injeção ainda é preferida por muitos, pois o efeito é quase imediato.
Minhas mãos já habituadas trabalham tão rápidas, parecem automáticas. Tudo é como um ritual habituado. As vezes tento lembrar em que lugar do tempo isso iniciou... Não a primeira vez, nem nada do tipo, mas o momento em que ficou esclarecido que seria assim...

Creio que foi aos quinze anos que inventei uma forma nítida de escape, era nítido pra mim, apesar de depois de um tempo ter se tornado ineficiente... Tenho um tio músico. Ele estava em começo de carreira.( Acho que tantos anos depois ele ainda parece estar em começo de carreira.) Ele me chamava todas as sextas-feiras a noite para acompanha-lo até um churrascaria onde ele e o pessoal da banda se apresentavam. Lá, meu entretenimento vinha de duas formas. No começo era comer. Eu tinha quinze anos e um mundo de carnes, doces, massas a minha frente e eu só precisava escolher o que quisesse. Acho que aos quinze anos não conseguimos comer o suficiente para ocupar a mente com isso... Enfim, quando eu não agüentava mais comer, tudo, tudo perdia a graça. Meu estômago ficava pra lá de forrado, eu não tava nem ai para o que meu tio cantava e ficava completamente entediado.

Então acontecia...

Um barulho vindo lá de trás. As pessoas gritando desesperadamente. Eu me levantava e olhava. O Hulk havia acabado de entrar na churrascaria, ele parecia completamente descontrolado. Lembro-me de pensar “ Mas o Hulk é um herói... Tenho que impedi-lo sem lhe causar mal...” ( Hahahahaha, que idiotice, e quem é que pode fazer mal ao Hulk?) Então eu pulava por cima das cadeiras e no exato momento em que o Hulk ia pisotear uma linda garota.( Sempre tem uma linda garota a ser salva, contraditório quando você é que precisa de salvação.) Dou um longo e interminável salto.( Como em câmera lenta.) Grito “ AFASTE-SE DELA AGORA.” Dou um senhor soco no Hulk, ele voa e atravessa as paredes indo parar lá na rua... Depois disso eu dou mais um socos nele, ele me da alguns socos, e no fim ele volta a ser o Doutor Banner e me agradece.

Efeitos da Heroína: Sensação de tranqüilidade e diminuição do sentimento de desconfiança, autoconfiança maior, indiferença aos outros, analgesia; algo como uma hipoalgia temporária.( Quem joga Gurps sabe o que é hipoalgia, ou alto limiar da dor.)e sonolência. Os efeitos diminuem conforme o uso, portanto é necessário aumentar a dose sempre.

Eu era um palhaço quando criança.( Dependendo do ponto de vista, não mudei muito...) Lembro-me da ocasião em que minha mãe me pediu para ir até a cozinha buscar uma banana d' água, me lembro dela rir muito quando eu trouxe a banana e um copo com água. Tínhamos um cão da raça dálmata, me lembro de todos rirem muito quando eu pulava em cima dele gritando que era o He-man e ele o gato guerreiro.( Imagino que para um cão ser chamado de gato não seja muito agradável, mesmo que este seja um guerreiro.)

Mas eu cresci. Tem uma frase que minha mãe me disse uma vez em que estávamos discutindo, engraçado, eu já esqueci coisas que aconteceram muito depois disso, mas não consigo esquecer isso...

“ Você já foi uma pessoa muito boa de se lidar...”

Quando foi isso? Eu não me lembro... Quando foi o momento exato em que me tornei uma pessoa difícil de se lidar?

Existem inúmeros efeitos destrutivos para o uso de Heroína a longo prazo. Esses efeitos podem variar dependendo de uma gama diversificada de coisas, no entanto, a um efeito praticamente certo a qualquer usuário; lesões cerebrais extensas, claramente visíveis em macroscópica e microscopicamente em autopsias...

Perdoa-me, Barrie, onde estiver...

O ritmo cadente e atribulado de uma grande cidade ao despertar para noite tornou impossível a qualquer dos seus habitantes perceber uma estranha figura pousada em cima de um prédio. O menino de roupas verdes, que, mas se assemelhavam a grandes folhas de Palmeiras cuidadosamente entrelaçadas, suas orelhas ligeiramente pontiagudas, talvez revelando um parentesco com o povo dos elfos... é possível,tudo o é.

Havia um brilho rosado e forte pousado no ombro do menino de roupas verdes. Numa visão próxima, o ponto nada mais era do que uma bela jovem, porém diminuta ao tamanho de um polegar. Tendo as formas de uma moça adulta de cabelo desgrenhado e púrpura. Em suas costas havia dois pares de asas tão transparentes quanto a água. Apesar de seu brilho sugerir algo como um pequeno sol ou estrela, a face da pequenina fada denotava descontentamento...

Os grandes olhos do menino de roupas verdes percorriam velozmente cada recanto da cidade, parecia procurar por algo... Num gesto rápido, em que moveu a cabeça com tanta força, atirou ao ar a fada em seu ombro. O menino de roupas verdes parecia ter ouvido alguma coisa...

Voando baixo e rápido, alheio a sua imagem refletida nos vidraças dos prédios, o menino de roupas verdes se aproximou de uma janela, parado no ar, seus pés balançando, como se procurassem o chão sem o achar. A fada se aproximou e o beliscou com toda força que pode, mas, tão atento ele estava que pareceu nada sentir...

Com fascínio nos olhos, o menino de roupas verdes teve sua atenção totalmente roubada pelo que via; uma jovem de notável beleza recostada à cama de uma velha senhora. O menino de roupas verdes não poderia saber naquela ocasião, mas de uma forma totalmente diferente da que imaginava, estava diante do tesouro que procurava...

A Fada em seu ombro não gostou nada da expressão na face do menino...

A jovem lá dentro, sem saber nada sobre seus dois espectadores secretos, ergueu-se sobre a velha, que era a sua avó, ajeitou o seu cobertor e a beijou na face.

“_ Você é um verdadeiro amor, minha filha.” – disse a velha senhora. A menina sorriu.

“_ Boa noite, vó.” Disse a menina. Em seguida caminhou até a porta.

O menino de roupas verdes arregalou os olhos o máximo que pode, tamanha foi sua surpresa ao ouvir as palavras da velha senhora; “... verdadeiro amor.”

“ _ Viu, Sininho, é ela... Nós encontramos o amor. Temos que levá-lo.”

Sininho o olhou com glacial expressão. Sua voz, que mais se assemelhava com o repicar de sinos, saiu num tom alto e severo, somente compreendido pelo menino de roupas verdes. Ela o chamou de Peter e antes que pudesse dizer que aquela menina magrela não poderia ser o tesouro que buscavam... Peter saiu voando sem lhe dar atenção...

Sobre verdades...

Precisa-se de muito pouco para se entender alguns mistérios essenciais...
(ou entender, pelo menos, que eles existem)
Todos podem atingir a experiência espiritual,
mas nada é mais difícil do que realizá-la. A maioria nem passa perto até o momento de sua morte pessoal....

Dizem que se precisaria de mil lições compreendidas e absorvidas para se entender a cabala e dizem que seu cursinho mais rápido se resume a uma centena de lições. Com todo respeito aos cabalistas, que entupimento das vias intelectuais uma quantidade de conhecimentos assim não o faz?
Argumentam que, a partir de um ponto, outros níveis de consciência são acionados, mas infelizmente não dá pra aceitar que um homem de coração puro, sem nenhum estudo, condenado, não possa alcançar a verdadeira iluminação.

Não!

A chave vai na direção diversa,
vai na direção da simplicidade...
e simples é entender, receber o todo de uma única vez - e a porta é o coração.... ele produz a atenção e não a cabeça, que erra nos corredores, nas circunvoluções do cérebro e da mente não disciplinada pela atenção do coração (chave e porta).

Não há tempo para se brincar de aprender!
Só há tempo para lembrar e lembrar o que é certo:
só há tempo para a VERDADE!
Dizem que estamos na economia da informação,
mas essa é a visão de quem erra pelos labirintos
- fascinantes, é verdade! Cravejados de "símbolos" cabalistas e suméricos - da cabeça...

É possível passar toda a vida •escrevendo sobre apenas um metro quadrado de paredes labirínticas, •se encantando com suas conexões •(e transformando aquele mísero metro no quadrado da construção)...
A nova economia diante de tantos labirintos deve ser a economia da atenção -
só quem possui atenção poderá escapar das bifurcações infinitas do labirinto
e poderá correr o risco de enfrentar o minotauro (segunda atenção)
e por fim, se ele não se esqueceu,
escapar do labirinto através do fio de Ariadne (terceira atenção)....

Ó louco controlado, então preste atenção:
no labirinto circular do filme primavera....e primavera,
por onde podemos entrar?
Sim, não importa!!!
Ao entrarmos, já estaremos presos no labirinto que se repete e é sempre diferente.
Este labirinto responde ao ciclo ying-yang?
Não, ele responde à lógica do iceberg! Era uma vez Sophia...